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… em Évora chovem guarda-chuvas

As chegadas a Évora já não me vão sabendo a nada… sabe-me sim, sempre bem a amizade…

Mas esta chegada teve chuva e forte, daquelas que nos fazem perceber a força da chuva, da água…. para limpar e lavar, a terra e a nós… qui çá, para abençoar um ou outro que correm para as arcadas do Geraldo, já meio ensopados e chateados.

Mesmo nas caras repetidas que aguentam a cola do mesmo sitio de ano para ano, tendo lajes e pedras da calçada como cativas. Existem outras caras novas… que se não herdaram um lugar, começam a desgastar outras lajes ou outras pedras…

Se há um ano atrás, escrevia aqui mesmo: Nalguns passos que dou, reconheço na sola dos pés algumas pedras que já antes, outros anos , pisei…

Hoje foi mais de cima que me senti daqui, com a água, que me acompanha

A bruxa diz: não há uma, sem duas nem três… Évora outra vez.

Voltamos com mais um saco cheio de nadas… pensamos sempre, antes de ir que vai ser diferente… que vai ser desta vez que as coisas vão acontecer como devem acontecer e partimos ainda e sempre com a esperança que nesta ida é que vai ser. O quê?

Pois, nunca temos bem a certeza disso… as pessoas cresceram, nas suas formas de trabalhar, de sentir, de aceitar e tomar consciência de quem são?, nós próprios?

Por mais energia que possamos dar a uma pessoa, ela tem de estar permissiva a recebê-la… mais do que isso, tem que estar permissiva a ela própria, não se enganar e iludir, acabando por viver os próprios argumentos que inventa… mas depois inventa-se brincar ás mães…

No banco sentado, sempre atento ao outro lado do palco, do parque ou da planície… o tempo passa, mas pouco mais passa… e percebemos antes, muito antes o que vai acontecer  – como já antes aconteceu…

Mas, as coisas são tortas como as pessoas… e quando se juntam as duas, até oliveiras são plantadas num parque em Nova Iorque

É complicado olhar para um ser que conhecemos faz anos, acompanhante das pedras da calçada de Évora e da vida… é complicado termos de aceitar que por vezes somos mesmo impotentes… e apenas podemos olhar complicadamente para o dia de amanhã daquele ser que foi…

Mas satisfeito, perdi-me em mundos que não este que temos, mas outros onde só o pensamento vive e cria vida… talvez o teatro me seja também isso. Vou ter saudades do Pulga e da Anita e desse nosso mundo…

Mais uma vez voltamos de lá… com mais um saco cheio de tanta coisa, mas parece que está roto…