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Notas de viagem sem esferográfica

E regresso a regressar…

… e mais uma vez deixamo-nos surpreender pelo embalo da linha no movimento contrario ao do sentido da marcha… parece que sinto os discos externos das cidades ou dos tempos,  a serem trocados… ou como eu gosto de dizer: as diskette’s a mudarem.

Parece que é nesta terra sem dono que a criatividade existe
ponho-me a escrever, aproveitar o balançar do comboio e do coração

Tenho uma bonita moça por companheira de viagem
mesmo aqui do lado esquerdo
on y va!
…/…
A companhia mudou
continua a ser femenina.
A antiga, não queria nada comigo, creio eu
e esta adormeceu…

Como um truque de ilusão: ponho os phones sem som algum e fico a ouvir as histórias dos assentos vizinhos… é que hoje em dia, toda a gente parece ter histórias para contar ao telemóvel… mas parece que os bocais dos microfones dos aparelhos são surdos… e por isso, mesmo que os phones tivessem algum tipo de som, ouvir-se-ia ainda as histórias alheias da carruagem.

A diferença entre estas wc’s e as de um regional só deve mesmo ser no interior, porque as trajectórias para o buraco, têm os mesmo referenciais que este intercidades… e lá falhamos… e lá pagamos mais!

As Tricanas eram moças que levavam água,
há até algumas histórias e lendas associadas…
Em Aveiro estão pintadas na fachada da estação antiga.

A companhia no silêncio muitas vezes é feita com o receio para não importunar e perturbar os pensamentos de quem se acompanha… como podemos não pensar, também podemos não falar… e uma forma de respeito comunicativo no silêncio instala-se… porque quando estamos, estamos mesmo só ali,  para amparar se for  o caso… e amparamos, acreditamos nisso com o nosso egoísmo.

As águas vindas de um rio chamado água, matam alguma cede que vai crescendo… pensamos com um sorriso nessas historias, quando passamos ao lado do rio Tejo, perto das Portas do Sol em Vila Velha de Ródão….
E a água acena-nos pela janela…
e também nos nossos  olhos  começamos a sentir uma outra água…

Quase que me parece que adormeci ontem no autocarro e acordei agora no comboio… embora o pesadelo de ter visto o meu pai a cair em casa, fosse mesmo real.
on y va!
e a vida assim se esvai…