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No início era a água…

“Desde a sua origem, que aconteceu posteriormente ao big-bang, a molécula de água na forma de vapor, formou parte da atmosfera primogénita até que um dia, há mais de 4 mil biliões de anos atrás, a temperatura desceu o suficiente para que o vapor de água condensasse e um imenso oceano desprendeu-se dos céus, surgindo assim depois do primeiro dilúvio, o planeta que ainda hoje é azul quando visto dos céus.”

Água, Arte e Consciência no Séc XXI, António Abernú

Num projecto que visa despertar o interesse dos alunos pela arte, pelo meio ambiente e pela reciclagem, a água e o seu imenso universo, tinham de ser desenvolvidos. Quer pela sua importância e imponência vital na vida, quer pelo mercado das empresas de água engarrafada. Responsáveis por toneladas de plástico das suas garrafinhas, garrafas e garrafões de água e suas tampas e tampinhas. Não esquecendo as novas oportunidades do mercado, em relação a este bem precioso do planeta e de todos nós.

O planeta da água – nome escolhido pelas alunas – é um manifesto performativo. 
A informação sobre a água, serve de suporte para a criação de imagens e sensações através da performance das atrizes, alertando e sensibilizando. Assim, dados científicos, particularidades e toda a simbologia da água são retratadas de uma forma plástica, metafórica e poética. Reciclando objectos do nosso quotidiano, em adereços e mensagens do espectáculo. Com o objectivo de fazer as pessoas pensar e quem sabe… olhar e preservar a água com mais consciência e responsabilidade.

Um processo dividido em várias etapas, partindo do texto científico, até à sua implementação no teatro. Uma experiência abrangente para as alunas, capacitando-as de ferramentas de trabalho futuro. Um trabalho realizado em tempo record, onde todas as pessoas envolvidas no projecto, estão de parabéns. 

Foi importante para a ASTA, envolver as alunas além das suas virtuosidades ou habilidades, mas sim para vivenciarem novas experiências e novas sensações, envolvendo-se e dando forma a um trabalho criativo e de maior consciência social e ambiental, num processo pedagógico de educação pela arte.

No dia 11 fazem a apresentação no Teatro Cine de Gouveia.. As apresentações para o público em geral serão integradas no Festival Ensinarte de 6 a 12 de Junho no Teixoso, Mostra reciclARTE, 15 junho em Gouveia e na Rota das Formigas, Junho em Fornos de Algodres.

Um convite para um último trabalho em tempos de confinamento do projecto
O homem que queria ser água.

Não é teatro, não é só uma animação, não é um filme… é um vídeo.
Sobre um universo e um personagem que criei e se vai recriando nestes 9 anos. E sobre a água, esse tão grande universo.

Uma recriação para a linguagem vídeo do espectáculo de teatro: O homem que queria ser água. As cenas do narrador, em discurso directo, tal como no espectáculo, são fundidas com a animação @gua_um conto digital, que conta a vida do personagem Agua. Uma outra linguagem para contar a história do Homem que queria ser água. Também podem responder depois ao Quiz, em género de modulo pedagógico e de entretenimento sobre a água.
Para filhos, pais e avós.

O projecto teve o apoio do Fundo de Emergência Social (FES) | Câmara Municipal de Lisboa e foi todo realizado na sala de uma casa.

https://www.homemagua.com/

Be water. My Friend!

A relação que o homem tem com a água tem vindo a modificar-se ao longo dos últimos séculos. Em tempos remotos, homenagens, rituais, oferendas e todo o tipo de celebrações eram prestadas à água. Divindades da água fazem parte da mitologia e da cultura popular. Este conhecimento e essa consciência associada têm vindo a perder-se, como diz Theodor Schwenk “os seres vivos perderam gradualmente o conhecimento e a experiência da natureza espiritual da água, até que finalmente chegam a tratá-la apenas com uma substância e um meio de transmissão de energia”.
Numa Conferência que se intitula a ela mesma “… a principal iniciativa do sector da água em Portugal volta a reunir todos os agentes do mercado”, há 2 ou 3 coisas (entre outras) que me saltam à vista:
– Não haver nenhum item ou tema directamente relacionado com a poluição da água e os problemas que dai advém e já começamos a sentir;
– Mercado da água – sempre me fez muita confusão a “posse” de um elemento natural como um produto;
– Desafios e oportunidades para o mercado da água – levou-me até as lutas em tempos longínquos pela posse dos cursos das águas nos campos – a guerra pela água (que quando a mim, já começou) vai ser mesmo real.

A humanidade perdeu o contacto espiritual com o arquétipo da água e, num futuro muito próximo, arrisca-se a perder o elemento fisico que a água é, até mesmo a da torneia! – E claro está, preparem-se para pagar caro este Ouro Azul.

 

Be Water, My Friend.

 

 

@gua_um conto digital, animação hipermídea do projecto O homem que queria ser água, foi seleccionada entre mais de 500 trabalhos para fazer parte dos 75 que integrarão o volume 3 da Electronic Literature (ELC3).

A edição de um DVD-ROM e a colocação on-line dos trabalhos está prevista para Fevereiro de 2016.  A Electronic Literature Collection faz parte da Electronic Literature Organization | Massachusetts Institute of Technology.

@gua_um conto digital é o resultado de um seminário de E-Textualidades do Professor Rui Torres – grato pela ajuda!

A animação pode ser vista aqui.

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@gua_um conto digital, hipermídea animation from project The man who wants to be water, was selected from over 500 works to be bart of the 75 that will make up the volume 3 of the Electronic Literature (ELC3).

A DVD-ROM and online placement of the works is scheduled for February 2016. The Electronic Literature Collection is part of the Electronic Literature Organization | Massachusetts Institute of Technology.

@gua_um conto digital  is the result of the Master Class E-Textualidades of Professor Rui Torres – grateful for the help!

Click hear to see it.


					

Ao começar a escrever este post, pensei em inventar uma palavra que pudesse de certa forma elucidar um pouco o meu estado de espírito nos últimos meses – já lá vão uns seis… e a palavra, que pensava eu inventar era: waterholic – no seguimento dos workholics, mas claro está em relação à água.
Pois qual não é a minha surpresa ao fazer uma pesquisa e perceber que está palavra existe!

Waterholic – indivíduo com problemas de beber água; alguém que gosta demasiado de beber água; um indivíduo adicto a beber água.

No meu caso não se trata propriamente de ter algum tipo de adição em beber água – liquido que sem dúvida alguma gosto muito e ao qual devo, e devemos, a vida… mas neste caso é referente à minha dissertação de mestrado, que como podem adivinhar é sobre a água…

E tem sido um longo tempo de água por todos os lados… quer seja pelo trabalho que venho desenvolvendo desde mais ou menos três anos, quer seja pelas pesquisas mais recentes… quer ainda pela inundação de água através da sua forma de chuva que temos sido todos alvos neste inverno de galochas… e que para mim, funcionou também como um qualquer agente controlador que me fazia sempre recordar que tinha de trabalhar…

Mas posso agora fazer uma pausa e dedicar-me a coisas mais secas ou menos molhadas. Não porque a chuva tenha dado tréguas ainda, mas porque finalmente acabei o trabalho e está mesmo preste a ser entregue – e uma espécie de seca me atinge…

Não vou para já por o carro à frente dos bois, e agradecer a quem o tenho de fazer, mas desde já, uma gratificação a todos aqueles que indirecta e directamente me ajudaram, quer colaborando no inquérito que lancei no final do ano passado… quer principalmente, a todos que me aturaram durante este tempo todo com a minha nuvem constante de água e academicismo…

Na recta final do homem que queria ser água…

Sonhar faz com que as coisas aconteçam, escrevo na voz do personagem Água… e talvez quando escrevi a frase não a senti como agora, que se aproxima a estreia do espectáculo: dia 15 de Dezembro, pelas 21 horas na biblioteca da FCT/UNL, Campos da Caparica.

Talvez e agora, depois de tanto sonhar, pela projecção e trabalho das ideias e dos desejos, mas também pelo sonho inocente de criança, do acreditar, do criar… pela magia que ainda me faz ser possível acreditar…

Há um fado na vida e não falo apenas do português!…

Quase que oiço a Xana a dizer: Lá vens tu com a mania que as pessoas são boas!… Mas talvez seja esse o meu fado, acreditar ainda…

O homem água apodera-se de mim. Primeiro saiu cá de dentro para as palavras que escrevi dele e sobre ele, a sua história… e agora, aos poucos, nos ensaios, acaba por  não me largar… por vezes acaba mesmo por entrar e tomar conta de mim e fazer a minha historia…