Confesso que ando confuso, o que não me parece mau de todo, a confusão faz-me pensar e equacionar.
Todos os tempos, são de dúvidas, incertezas e inquietações. Mas de grande dúvida, são as épocas conturbadas em que desaparecem as grandes referências e as grandes certezas de sentido. Os homens oscilam, na procura de respostas, na procura de orientação e de alguma segurança, agarrados ao seu devir.
Já Aristoteles dizia algo como: a dúvida é o principio da sabedoria. Descartes converte a dúvida no meio indispensável para a procura do conhecimento.
Tempos esses – estes – que são também de inquietações, tipo, metafísicas, oriundas da ruptura do normal da vida social… são sobretudo difíceis para aqueles que se mostram mais frágeis, ficando por vezes á deriva, tornando-se um alvo fácil e procurados, pelas variadas formas de sedução, propaganda e engano.
A procura da verdade e das certezas, continua como preocupação e objectivo do espirito humano, mesmo quando o acto de pensar se torna algo raro.
Com tudo isto, tem vindo a crescer um universo de patologia social, entre outras razões, porque a socialização dos nosso dias não produz personalidades devidamente estruturadas, capazes de resistiram aos medos, interesses e lideraram caminhos e novas ideias.
E chegamos a um tempo em que se pode ver conjuntamente e no mesmo sitio ou espaço, informação de número de mortes, selfie’s s das máscaras da moda, webinare’s de culinária, um concerto da avozinha e opiniões de técnicos expertos em esperteza vazia, tudo junto… sem qualquer tipo de ponderação, um descontrole de uma sociedade que se “alavanca” disfuncional.
Os governos em pouco ou nada ajudam… desacreditados, muitas vezes numa deriva pior que a dos seus cidadãos, com lacunas existenciais de comunicação cientifica e institucional para o século e os desafios que atravessamos… onde se usa mais o discurso do medo, a auto responsabilização e a punição, do que a consciencialização de, e para as medidas a tomar… em que a confiança é um valor que já era… e o acreditar, é um acto heróico desesperado ou não seja este o tempo das fake news, da corrupção instituída e da justiça nada justa.
Houve, desde sempre, quem se tenha apresentado como sábio e detentor de toda a verdade. Uma tendência actual, proporcional à presunção do saber… Ninguém aceita passar por ignorante! Não é rara, a confusão entre o saber adequado das coisas e a emissão de uma mera opinião. E uma opinião, de cientifico pouco ou nada tem… além de não existir nada mais perigoso do que a certeza de se ter razão. E há tantas razões cegas por ai, que estão sempre prontas e alerta, para na primeira oportunidade, apontar, afiar as garras e disparar…
Não há uma explicação global da realidade ou das realidades.
E estamos con_finados a tensões, mentiras, agressões, provocações que dividem pessoas, amigos, instituições, na maioria das vezes sem proveito algum e esquecendo que a partilha do conhecimento – não a sátira – e a organização social levem sempre muito mais longe que os egos, as certezas e os interesses de cada um.
A democratização da voz dos pensamentos e dos indivíduos, é uma dadiva dos nossos tempos… tempos esses em que se põe em causa o alcance da liberdade dessas vozes… um tempo em que a democracia e as suas valias, tantos pensamentos e vozes contrariam.