A terra é o berço da humanidade, mas a humanidade não pode ficar no berço para sempre. | Konstantin Tsiolkovsky
Sinto-me confuso, impotente e desorientado perante esta situação planetária – parece-me um bom termo. Vivemos um processo global, nunca antes sentido, nunca antes perspectivado de ser resolvido.
E apesar de tudo, parece que não se passa nada, até dá jeito não saber o que se passa… Mostramos as selfies das férias, em que provavelmente esquecemos que a água onde mergulhamos vai inundar cidades, provocar fluxos migratórios… Sorrimos ao sol, que vai provavelmente esturricar a nossa pele bronzeada, daqui a uns anos… mas apesar disso, a vida continua e é como se nada acontecesse…
A Fundação Calouste Gulbenkian no livro Water and the Future of Humanity editado em 2014, consagra um capitulo do livro ao tema “The Anthropocene and Water”, onde se realça o papel destruidor que a humanidade tem vindo a exercer no planeta e onde “somos a primeira geração com o conhecimento de como as nossas actividades influenciaram o sistema da terra e, assim, a primeira geração com o poder e a responsabilidade de mudar a nossa relação com o planeta.”
Mais de metade do carbono acumulado na atmosfera foi emitido nas últimas 3 décadas, exactamente as que se seguiram após termos sabido que aqueles gases são os principais responsáveis pelo aquecimento global… mas mesmo assim a vida continuou, e ou não nos disseram ou não quisemos saber…
Como diz a Sofia, os dinossauras também desapareceram.
Mas não creio que eles fizessem muita ideia das coisas…
E tudo está a acontecer tão rápido, tão rápido que tenho receio que não nos dê tempo para nos esquecermos que nada está a acontecer e a vida simplesmente mudará…
Importa é a bateria no telemóvel, importa é o 5G, as trotinetas, as bicicletas a motor, os ubers e glovos… cada vez mais moles, controlados e preguiçosos… com uma preguiça tão grande que não nos faz mudar nada… consumismo… com sumismo… con su mismo… consigo mesmo
Como desde sempre nos mostrou, através do dia e da noite, será a natureza mais uma vez, a ditar o nosso mundo.
Entre 2040 e 2050, a cada dia que passar vamos aumentar a esperança de vida num dia.
… e eu pergunto-me, se com tantos avanços tecnológicos, tanto genoma, tanto IA, tanta biotecnologia e tantas outras ias, não conseguiremos alterar o cromossoma que faça com que a espécie humana seja mais isso, humana.
Afinal, o que nos torna humanos?