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E foi preciso ir-se embora para um mês depois, ao entrar no mesmo café onde longos anos, quase todos os dias bebia os seus cafés, lhe perguntarem pela primeira vez: Está tudo bem consigo?
As pessoas são assim, precisam de sentir a ausência.

Todas as flores são lindas. Elas começam por ser uma semente ou uma espécie de gérmen com ou sem casca. Vão furando, vão abrindo caminho para florirem, para respirarem e sentirem o ar e o mundo, para crescerem. Para mostrarem as suas pétalas, para dançarem com o vento, para manifestarem as suas cores ao sol, para embriagarem quem as cheira com o seu perfume, para tomarem banhos de lua e orvalho. Para se limparem com as gotas da água da chuva. Para comunicarem umas com as outra em movimentos mágicos.

Mas estar fora da casca dessa semente e ser flor, além da maravilhosa experiencia da vida, ali, para as outras plantas, para os insectos, para o mundo… Uma flor, corre o risco da intempérie, corre o risco de um animal a lastimar, corre o risco de uma inundação, corre o risco das secas, corre o risco de uma abelha a esvaziar, corre o risco de ser arrancada por alguém e ir parar a uma espécie de caixão. Uma planta para servir o seu esplendor aos outros, fica disponível, disponível demais.

E seria tão mais fácil para qualquer flor ter escolhido ser apenas uma semente.