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A minha ideia fundamental é não entender as coisas. Temos mais bagagem somada de conhecimento mas também somos mais exigentes nas respostas. Sabemos ver!, mas não sabemos entender. Não compreendemos nada e cada vez mais é a dúvida de todos as coisas.
in Teatro Virtual | 2004

Começa-me a fazer confusão, tanta opinião, tanta informação, tanta criação gerada e partilhada. Há cada vez mais, fotógrafos, opinion makers… já não chegava os surfistas de banheira e os treinadores de sofá, se não agora há uma espécie de políticos, ensaísta, criativos, vision something e jornalistas que nunca mais acaba e que parecem ter um saber infindável do seu trabalho e da vida.

Desde conceitos, inovações, trendes, tendências, fotografias, vídeos, ferramentas, marcas, nomes, produções, políticas, manifestos, revistas on e off…
Um misto de admiração e marasmo acaba sempre por me embriagar. Uma admiração pela capacidade da velocidade da criação – a minha RAM 48k não dá nem para metade e um marasmo por me fazerem sentir meio aliem a todo esse universo que acaba por ser o de todos nós – a criação de conteúdos, de informação – seja ela qual for. Sim!, a foto do gato a fazer chichi também é, hoje em dia, um qualquer tipo de informação.

O que me faz questionar, para que serve esta massiva criação de informação e formas de a manipular, divulgar e difundir. E mais inquietante é, o que é que concretamente sabem afinal, da vida em si mesma, das relações humanas que tanto apregoam, das noticias e das criações que fazem, das emoções que descrevem como se fosse um texto de um storyboard linear.

Parece que o conhecimento passa apenas pelo: já…!
– Sabes o que é …. ?
– Sim, já vi alguma coisa nalgum lado…
– Já passei os olhos por lá…
– Já vi um vídeo muito bom…
– Já vi uns exercícios…

Quem muito fale de tudo e de todos e pouco ou nada dele mesmo, só mostra um vulcão de ansiedade pessoal, creio eu… August Strindberg disse “Corrige-te a ti mesmo antes de quereres corrigir os outros”. Mas não vou por ai.

Absolutamente a favor das novas gerações e do seu novo estado de consciência e nova visão sobre o mundo – que todos nós fomos “transformando”. Absolutamente a favor da liberdade de expressão e criação… mas consciente que é preciso trabalho de campo, sabedoria e não apenas conhecimento. Errar, refazer. É preciso que as rugas do tempo ganhem socalcos para que a profundidade e a luz brilhe. Não se escreve um livro, sem mais… Não se tira uma fotografia – faz-se uma fotografia! E não vou continuar… apenas sublinhar como um qualquer post numa rede social, que a realidade muda com as acções e não com as opiniões.