Quando nos telefonam a dizer que vão de viagem, e nos perguntam se queremos enviar saudades para quem vão encontrar… sorrimos, dizemos que sim, e interiormente agradecemos por sermos queridos. E do instante do telefonema, o pensamento transforma o tempo presente para as saudades, e das saudades para as recordações de outro tempo passado com essa pessoa que vão encontrar no dia seguinte ao do telefonema.
Nas casas das pessoas velhinhas ouve-se o tempo… têm sempre relógios aos pares espalhados pela casa, onde os segundos são audíveis, as horas tocam e por vezes até os quartos e as meias informam. Talvez porque já ouvem mal ou porque o tempo as hipnotiza ou porque nós ainda ouvimos bem e não queremos anuir. Parece que aceitam a vida, tal qual como ela é, ao contrário de muitos de nós que andamos de smartphones em punho como se fossem telecomandos para mudar a realidade…
Na transformação das sociedades o tempo é sempre o mesmo, os operadores é que inventam as velocidades que nos ludibriam o pensamento… e, caímos que nem patinhos.
Outras vezes, até ficar em ferida, raspamos nas muralhas que nos cercam. Batemos contra elas e ouvimos as nossas mãos a estalar, ouvimos como gritamos, e gritamos mesmo! Procuramos sair dessa prisão, e esse é um outro sentido de escrever… essas tentativas criadoras de pensamentos e poesias.