… adormeci na viagem, mesmo com as pernas apertadas e a coluna torcida pela ergonomia standart dos bancos do autocarro. Quando acordei por momentos e ainda no meio desse mesmo acordar, pensei que me tinha enganado no autocarro! Na minha viagem para a minha terra, estava tudo verde… só se via verde por todo o lado. Onde por norma a planície tem os seus tons amarelos com pitadas de cor aqui e ali, agora estava tudo verde… a planície transpira vida, clorofila e frescura… desperto desse sono torto, fiquei a observar os campos, o horizonte que se confunde com o inicio, lá bem ao fundo, do céu azul… as bermas da estrada estavam verdes, o verde à volta das oliveiras e dos muros das herdades… sem duvida que me parecia outro Alentejo. Contudo e à medida que a viagem ia avançando terra dentro, com tanto verde que me entrava pelos olhos, sentia algo que só costuma acontecer no Alentejo e nem este novo verde o conseguia disfarçar ou anular… talvez porque a terra por baixo do verde continua igual, talvez porque as árvores e os muros nos campos o detêm como sempre, apesar deste novo verde… o tempo ou a sensação do mesmo… não é a mesma no Alentejo
Monthly Archives: Maio 2010
… nos últimos dias tenho mergulhado muito na teias invisíveis da amizade… pondo de lado, por forma a também usar a razão como espírito cientifico e inocentemente tentar equacionar estas coisas de amig@… talvez um pouco levado pela _amizade_ do clicar, tanto usada ultimamente…talvez porque toda a minha vida tem sido construída e moldada pela amizade… de muitas formas e feitios, como a de vocês todos também… e pensei tanta coisa… e tentei quantificar pelas vezes ao dia que me lembro de vocês… de parar para ouvir e muitas vezes aceitar o conselho das vozes que fazem parte de mim e que são vossas… que muitas vezes me servem como ajuda, conselho, boa disposição e carinho… uns mais do que outros é certo!, mas de todos agradeço por serem uma família querida por mim… e sabendo-os ai, sei que sou afortunado e fico feliz
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos nunca mais são os mesmos
E por vezes encontramos de nós em poucos meses o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes ao tomarmos o gosto aos oceanos só o sarro das noites não dos meses lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes num segundo se envolam tantos anos.
David Mourão-Ferreira
Este poema integrou e deu nome ao primeiro espectáculo da Asta.
E por vezes… já lá vão 10 anos.
A todos que directa ou indirectamente fizeram e fazem a Asta crescer e em especial ao Sergio e à Carmo, muito obrigado! 🙂
…voltas e mais voltas para percebermos e aceitarmos o que sentimos… na derradeira volta do vai e vem no corredor interior, acabamos sempre por sentir mais do que queríamos ou queremos tanto sentir mais… que nos deixamos ir, levar, por nós mesmos, sem guia, sem luz exterior, mas vamos…porque queremos não parar, não ficar aqui, mas sim seguir até onde existirmos… no vórtice da consciência caímos sempre mais fundo… sem que isso seja mau, sem que isso não sirva ainda mais para subir, subir e sorrir