…ontem ou antes de ontem, passei pelo meio de uma conversa entre duas adolescentes, que na minha inocência, penso não deveriam ter mais do que 14 anos…pelo que consegui ouvir, porque além de não querer ser intrometido, as minhas passadas são bem maiores que as delas… falavam sobre os pais!
Que bonito, sem dúvida! Mas não dos pais que provavelmente o leitor e eu temos na cabeça… não os pais da minha geração e de outras ainda mais antigas… Elas falavam de vários pais de cada uma delas… uma dizia que a sua segunda mãe lhe andava a ligar para o telemóvel de dez em dez minutos a pedir-lhe conselhos_coisa que também me pareceu bastante “diferente”_depois dizia que outra mãe só lhe enviava sms de anedotas e queria que ela respondesse sempre a dizer o que tinha achado_um estratagema de controle de hoje em dia, creio… A outra falava do outro pai… mas os meus passos já as deixavam para trás e o som dos carros que passavam não me deixaram ouvir mais…
E fui, passo a passo, distanciando-me das moças e com o pensamento deveras concentrado e dedicado a elas e ao que seriam os seus pais…
Se quando era criança, ter um amigo ou uma amiga com pais separados era uma novidade, creio que todos somos conscientes que hoje em dia isso é perfeitamente natural. Mas nunca tinha pensado nas possibilidades das novas famílias, que creio bem se encaminharem para uma espécie de família “única”, em que todos nós fazemos parte dela…
Ou seja, se os pais daquelas moças se tivessem separado e voltado a casar, cada uma delas teria dois pais biológicos e outros dois por acréscimo… se por sua vez esses pais se voltassem a separar e voltado a casar novamente, cada uma delas continuaria a ter dois pais biológicos e mais dois por acréscimo e ainda mais quatro com quem pelo menos tiveram contacto e que provavelmente continuam a ter… agora pensem nos irmãos, meio – irmão, primas, sobrinhos, tios… Provavelmente alguma daquelas moças era familiar sua ou até mesmo minha, o que me levou então a pensar no que antes escrevi_familia “única”.
Creio que não valerá muito a pensa pensar se é bom ou mau, melhor ou pior, não só porque é mesmo assim e não há forma de o contornar, mas porque também provavelmente alguns, mesmo tendo apenas dois pais biológicos, sofreram com isso…